O Brasil é um prato
cheio no que diz respeito à disponibilidade de ingredientes, a influências
históricas e culturais, à oferta de sabores e, consequentemente, à
possibilidade de mantermos uma alimentação saudável e equilibrada.
Vamos lá: Cultura alimentar de cada região brasileira:
Região Norte
De influência
nitidamente indígena, a gastronomia da região norte é tão farta quanto a sua
riqueza de recursos naturais, fornecidos tanto pela floresta amazônica quanto
pela abundante bacia hidrográfica.
Ingredientes:
Mandioca-brava: com ela
se faz uma infinidade de farinhas, como a farinha d’agua, a farinha amarela e a
tapioca, e dela também se extrai o tucupi, um molho que tempera inúmeros pratos
amazônicos.
Pirarucu: um dos
maiores peixes de água doce do planeta, que pode atingir 3 metros e 200 quilos,
é tradicionalmente vendido nos mercados em mantas salgadas, secas ao sol. É
conhecido como “bacalhau da Amazônia”.
Açaí: altamente
energético, é consumido hoje em todo o país e até nos Estados Unidos, para onde
foi levado por surfistas. É servido na região em sua forma original: numa cuia,
com farinha de tapioca.
E mais: guaraná,
cupuaçu, castanha-do-pará, pimentas, e outros.
Região Nordeste
A costa toda banhada
pelo Oceano Atlântico fornece uma quantidade imensa de frutos do mar. O clima
tropical do litoral propicia a cultura de muitas variedades de frutas, enquanto
o semiárido do sertão, no interior da região, tem como característica o consumo
da carne-seca. A influência africana se faz sentir, especialmente na Bahia.
Ingredientes:
Peixes e camarões:
servidos em forma de moqueca, peixadas e caldeiradas. O acarajé, o prato mais
típico da Bahia e considerado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo
IPHAN, leva camarão seco em sua composição.
Azeite-de-dendê:
conhecido também como óleo de palma, e com alto teor de vitaminas e sabor
acentuado, entra na preparação de bobó de camarão, acarajé, vatapá, farofas,
moquecas, caruru.
Tapioca: consumida em
forma de crepe, recheada usualmente com queijo coalho, coco ou apenas manteiga,
faz parte da cultura de Pernambuco e é encontrada especialmente em Olinda, onde
as tapioqueiras se espalham por todos os cantos.
Castanha-de-caju: No
Rio Grande do Norte se encontra o cajueiro de Pirangi, considerado o maior
cajueiro do mundo, que chega a produzir 80 mil cajus por ano. Dele consumimos a
castanha e fazemos sucos, doces, geleias, etc.
Pimenta malagueta: com
alto grau de picância, é estimulante e energética. Utilizada tanto nas comidas
de origem africana, como indígena e portuguesa, ela se tornou um ingrediente
onipresente na cozinha baiana.
E mais: pitanga,
graviola, pitomba, coco, cacau, jerimum (abóbora), e outras.
Região Centro-Oeste
Ali convivem três
biomas – Amazônia, Cerrado e Pantanal – que proporcionam uma variedade de
vegetação e recursos hídricos bastante favoráveis à rica agricultura e pecuária
que se desenvolvem na região centro-oeste.
Ingredientes:
Pequi: fruto que deve
ser comido com cuidado, pois possui espinhos entre a polpa e o caroço, que
devem ser raspados antes de comer, é consumido cozido, puro, misturado com
arroz, frango, ou mesmo em forma de licor, e outras.
Pintado: um dos peixes
de água doce mais consumidos no Brasil, na região é preparado como um ensopado
em panela de barro, com mandioca e ervas, mas é também é preparado na brasa,
assado ou frito.
Banana-da-terra: é a
única espécie de banana nativa do país e é a maior de todas. Muito utilizada em
farofas e pirões, fritas ou assadas.
Região Sudeste
A região sudeste
recebeu um número enorme de imigrantes, que agregaram seus hábitos alimentares
e tradições culinárias às três culturas que formavam a nossa base alimentar.
Ingredientes:
Milho: utilizado como
base da alimentação tupi-guarani, hoje faz parte das “quitandas” mineiras, em
forma de broas de milho, pamonha, curau, bolo de fubá e etc. Acrescente-se, em
São Paulo, o tradicional cuscuz paulista, e, em todo o litoral, o saboroso milho-verde.
Queijo de Minas:
curado, meia-cura, frescal ou branco – os queijos mineiros são produzidos com
leite de vaca e alguns deles, de produção artesanal, como o da Canastra e do
Serro, são considerados como Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro.
Porco: consumido desde
o Brasil Colônia, o porco aparece nas mais variadas preparações, como torresmo,
leitão a pururuca, virado a paulista, e muito mais.
Massas e pizzas: de
origem italiana, as massas são oferecidas nas típicas cantinas paulistanas numa
variedade enorme de formatos, preparadas com uma infinidade de molhos, em
combinações muito saborosas. Comer uma pizza, programa tão comum em São Paulo,
especialmente no domingo à noite, com a família reunida, é hábito que se
entende, pois elas são comparadas às melhores produzidas na própria Itália.
Região Sul
De clima mais frio,
chegamos à região em que a tradição europeia é marcante não apenas na
culinária, mas também na arquitetura e na forma de uso do solo, neste caso
especialmente para a introdução da viticultura, hoje adaptada à Serra Gaúcha.
Ingredientes:
Erva-mate: o uso da
erva é atribuído inicialmente aos índios do sul do continente, entre eles os
guaranis, mas se expandiu pelos Pampas, chegando à Argentina e Paraguai. É
muito comum encontrar nas ruas do Rio Grande do Sul pessoas que carregam suas
cuias, bombas e garrafas térmicas com água aquecida a 80° para juntá-la à erva
e preparar o seu chimarrão – consumido a qualquer hora, em qualquer lugar.
Churrasco: O churrasco
tradicional gaúcho é preparado em espetos que são enfiados em valas na terra,
onde ardem as brasas. Costela, paleta e matambre são as carnes mais utilizadas.
Uva: das uvas da Serra
Gaúcha são produzidos os melhores vinhos nacionais, de qualidade hoje
reconhecida e premiada internacionalmente. Mas elas também são excelentes se
consumidas ao natural, em sucos, geleias, etc.
SABER MAIS: CHAVES, G.; ANHESINI, C.,
Ingredientes do Brasil. São Paulo: Academia Brasileira de Arte, Cultura e
História, 2004.